quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

EXORCISMO – O DIABO E O INFERNO



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O Diabo existe? Esta a pergunta que tem embaraçado tantos teólogos e sacerdotes. É um ser pessoal ou um mero símbolo do Mal?
Se extrairmos Lúcifer da Sagrada Escritura, muito provavelmente o Cristianismo acabará por ficar atalhado e até desacreditado, no sentido da lógica que lhe preside.
Como ensinou Santo Agostinho, “sem Diabo não há Cristo”.

Segundo a doutrina da Igreja Católica, “Deus é infinitamente bom e todas as suas obras são boas” (Cat 385). Mas o pecado está sempre presente na história do homem, sendo o pecado original o reverso da Boa-Nova (Gen 3).
Por detrás da opção de desobediência dos nossos primeiros pais, há uma voz sedutora, oposta a Deus, a qual por inveja, os faz cair na morte. A Escritura e a Tradição da Igreja vêem neste ser um anjo decaído, chamado Satanás ou Diabo, tendo sido inicialmente um anjo bom criado por Deus (Cat 391). A Sagrada Escritura fala-nos de um pecado destes anjos (2 Pe 2, 4, e Mt 4, 1-11), cujo poder é inferior ao de Deus, e a Igreja com alguma dificuldade argumentativa, diz-nos que “a permissão divina da actividade diabólica é um grande mistério” (Cat 395), mas sabe “que Deus concorre em tudo para o bem daqueles que O amam” (Rm 8, 28).
A última petição da oração de Jesus (Mas livrai-nos do mal), não se dirige a uma entidade abstracta, mas a uma pessoa ou ser, ao Diabo, Satanás ou Maligno (Cat 2850 e segs). 

Os anjos são uma verdade de fé, criaturas espirituais superiores ao homem e inferiores a Deus, criados para o louvarem e cumprirem as suas ordens, com uma enorme capacidade de inteligência e de amor.
Na categoria dos Anjos, alguns mantiveram-se fiéis e ao serviço do Criador, enquanto outros chefiados por Lúcifer ou Satanás, revoltaram-se contra Deus e foram expulsos e condenados ao Inferno, procurando que os homens se revoltem contra aquele. Ao Demónio chamam-lhe “adversário do homem” (1 Pedro 5, 8), “Tentador” (Mt 4, 3 e 26, 36-44), “homicida” (Jo 8, 44) e até “Príncipe deste Mundo” (Jo 12, 31). A influência dos demónios sobre o homem realiza-se por intermédio do assédio, da obsessão e da possessão

Quando muitos teólogos procuravam fazer findar a discussão em torno do Diabo e do decaimento dos anjos, o Concílio Vaticano II refere-o inúmeras vezes, como um ser com plena existência. Paulo VI, no ano de 1972, ao fazer uma avaliação do Concílio, um tanto negativa, declarou que o fumo de Satanás entrou por alguma fresta do Templo. Alguns daqueles teólogos, de intenção reformista, sentiram-se muito desconfortáveis com esta afirmação.
Mesmo assim, o papa retomou a questão nesse mesmo ano, nomeando à colação toda a doutrina das Escrituras e da Tradição, apelidando-a de “mistério da iniquidade” (2 Tes 2, 7), insistindo durante todo o seu pontificado na sua existência. Denominava-o “senhor deste mundo”, “tentador por excelência”, “pervertido e perversor”.
Rude golpe na tendência teológica que tudo fazia para que Lúcifer e a sua infame legião de anjos fosse olvidado.

Talvez o Diabo sejamos nós e o próprio mundo. Mas nesta perspectiva, negando o Diabo ficamos na incómoda posição de sermos absolutamente responsáveis por todos os nossos pecados. E com a sua negação teremos também de negar definitivamente os anjos bons, o Inferno, a redenção e o próprio Cristo. Daí a afirmação de Santo Agostinho: “sem Diabo não há Cristo”.

De qualquer modo, o Diabo anda por aí, nas seitas satânicas, nos rituais de feiticeiras e magos, nos exorcismos individuais ou colectivos de seitas de inspiração cristã.
O satanista mais conhecido no nosso tempo é La Vey, autor de uma Bíblia Satânica, e que tem uma multidão de seguidores no mundo inteiro.

Quanto ao Inferno, ensina a Igreja que morrer em pecado mortal sem arrependimento é o mesmo que morrer separado d’Ele para todo o sempre. As almas que morrem em pecado mortal descem de imediato ao Inferno onde sofrem as penas deste, sendo a mais importante a eterna separação de Deus (Cat 1033-1037). Para além da separação de Deus ou privação da sua ausência, a dogmática refere as penas de sentido, em que as almas padecem a privação de todo o repouso, amor, beatitude, mesmo da alegria e esperança, e sofrem de todos os males e dores, ou seja, um lugar de tormentos eternos.

Tenho evitado fazer comentários à doutrina de uma Igreja que não é a minha – como já escrevi, não estou vinculado a qualquer fé estabelecida –, mas no que toca ao Limbo, considero que os ensinamentos provenientes da Tradição deveriam ser reformulados. O Limbo é o lugar onde estão as almas das crianças que morreram sem que tivessem sido regeneradas pelo Baptismo, estando privadas para todo o sempre da visão de Deus e da eterna felicidade do Céulugar de eterna felicidade onde Deus recompensa os justos –, mas não sofrendo a pena de sentido. Pobres crianças. Julgo que se Jesus voltasse, iria repreender-vos - nesta e em muitas outras questões…   


DOS EXORCISMOS

Para o estudo desta matéria veja-se:
(CURA ESPIRITUAL – DOS EXORCISMOS – DOUTRINA E PRÁTICA)


Os primeiros cristãos eram useiros e vezeiros na prática do exorcismo.
No século IV, no Concílio de Laodiceia, ficou estabelecido que os fiéis que não tivessem sido ordenados pelo bispo não poderiam exorcizar, nem nas igrejas nem em casas particulares.
Em 1614 é produzido pela Igreja de Roma um Ritual dos Exorcismos, cuja vigência atingiu quase 400 anos.
Em Janeiro de 1999 surge um novo Ritual Romano da Celebração dos Exorcismos, a contragosto de muitos teólogos.
Como se depreende do estudo do Ritual da Celebração do Exorcismo, datado de 1999, serão muito poucos os casos que possam eventualmente cair no âmbito da possessão demoníaca. Mas perante a declaração de sua existência – pela Igreja, cumpridas que estejam todas as formalidades de avaliação -, nem que seja um em mil, é de todo preferível que seja celebrado segundo um ritual exigente e não como um espectáculo público degradante, que nos é oferecido por inúmeras seitas.
Cabe nesta sede a mesma advertência, para os sacerdotes que os realizam na clandestinidade – sem a autorização do Bispo, conforme dispõe o Código de Direito Canónico –, e mais grave, a sua celebração por feiticeiros, curandeiras e magos – saberá Deus como…- na pessoa de não-cristãos e de fiéis da Igreja Católica – sendo estes também responsáveis na colaboração de uma ilicitude grave cometida contra a fé que professam e cuja ignorância não podem alegar.



JOSÉ MARIA ALVES

(BLOGUE PESSOAL)

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