quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O CRISTIANISMO – SEITAS - ARTE DIVINATÓRIA E MAGIA



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Quer o Judaísmo quer o Cristianismo opõem-se veementemente a tudo o que se possa constituir como adivinhação e prática mágica – vidé, Deut 18, 10-12 e Act 19, 13-19. Também se escreve no Antigo Testamento que “não praticareis adivinhações ou sortilégios (…). Não recorrereis aos feiticeiros nem consultareis adivinhos, contaminando-vos com o seu contacto. Eu sou o Senhor, vosso Deus (Lev. 19, 26). Também “se alguém se voltar para os espíritos dos mortos e adivinhos, entregando-se a essas práticas, voltarei o meu rosto contra ele e suprimi-lo-ei do meio do seu povo (Lev 20, 6).

O primeiro mandamento proíbe honrar outros deuses para além do Senhor: “Não terás outros deuses além de Mim”. Proíbe a superstição, como desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe, e a irreligião (Cat 2110). Condena o politeísmo (Cat 2112) e a divinização de tudo o que não é Deus, até do próprio dinheiro (Cat 2113): “não podereis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6, 24).

Quanto à adivinhação e à magia, a Igreja na interpretação do conteúdo substancial do Primeiro Mandamento, diz-nos que devem ser liminarmente rejeitadas. É dever do cristão rejeitar a consulta de horóscopos, recorrer à astrologia, à quiromancia, à interpretação dos presságios das sortes, aos fenómenos de vidência e aos médiuns. Na adivinhação existe uma “vontade oculta” de dominar o tempo, em conluio com poderes denominados ocultos. Apenas Deus pode revelar o futuro, podendo fazê-lo por intermédio dos seus profetas e outros santos (Cat 2115-2116). 

“Todas as práticas de magia ou de feitiçaria, pelas quais se pretende dominar os poderes ocultos para os pôr ao seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – ainda que seja para lhe obter a saúde – são gravemente contrárias à virtude de religião. Tais práticas são ainda mais condenáveis quando acompanhadas da vontade de fazer mal a outrem, recorram ou não à intervenção dos demónios. O uso de amuletos também é repreensível. O espiritismo implica muitas vezes práticas divinatórias ou mágicas; por isso a Igreja adverte os fiéis para que se acautelem. O recurso às medicinas ditas tradicionais não legitima, nem a invocação dos poderes malignos, nem a exploração da credulidade alheia” (Cat 2117).

Quando se fala de predestinação não se retira ao homem a sua liberdade, porquanto a sua vida não é conduzida fatalisticamente. Só Deus conhece o seu futuro, mas respeita a sua liberdade e não a ultrapassa. As artes divinatórias constituem-se como atitudes superadoras da própria vontade divina e colidem com ela. O homem feito deus determina quais os acontecimentos que irão marcar o seu futuro, por via da leitura ou interpretação de elementos externos.

Na perspectiva do Cristianismo só há um Deus e os cristãos devem guardar-se dos falsos profetas que vêm disfarçados de ovelhas, mas que por dentro são lobos ferozes (Mt 7, 15-16). E caso alguém ensine uma doutrina e não concorde na íntegra com as palavras de Jesus, é porque é cego, nada entende, um doente em busca de controvérsias e discussões de palavras (2 Tim 6, 3-4), sendo necessário calá-lo, pois perverte famílias inteiras, e com o objectivo de lucro ilícito, ensina o que não deve ensinar (Tito, 1, 10-11).


Existem milhares de seitas espalhadas pelo mundo inteiro. Reproduzem-se como coelhos, prometendo o paraíso na terra, a cura de todas as doenças, a imortalidade, tudo o que um ser limitado quer ouvir para poder sobreviver num mundo hostil onde parece inexistir luz ao fundo do túnel.

Em 1984, o Parlamento Europeu emitiu um documento alertando os Estados para o facto de alguns dos novos movimentos religiosos poderem ofender os direitos civis e os direitos consagrados do homem.
Dois anos depois, o Vaticano emitiu um documento abordando o fenómeno das seitas, alvitrando como causas principais da sua rápida proliferação o facto de a vida estar recheada de dificuldades e angústias, aos problemas familiares e profissionais, doenças e sofrimento. 

Existem seitas para todos os gostos. Algumas assassinam, outras conduzem os fiéis ao suicídio colectivo – v.g., Jim Jones do Templo do Povo e os 900 mortos na Guiana –, outras enriquecem-se a si ou aos seus dirigentes, que se aproveitam directamente dessa riqueza obtida à custa da ignorância e credulidade dum povo simples e ansioso por melhores dias, enquanto outras são de todo imorais ou criminosas – nomeadamente com práticas ignóbeis de abuso sexual de menores, tráfico de pessoas, de armas e de drogas, exploração económica dos fiéis, proselitismo, branqueamento de capitais, evasão fiscal, prostituição, instigação ao suicídio, chantagem.

Evidente é, que nem todas as seitas são malévolas, avaliação que terá de ser feita com a imparcialidade e diligência devidas à liberdade religiosa de todos os seres humanos.

Em Portugal, destacam-se os Adventistas do Sétimo Dia, a Igreja Maná, a Igreja Universal do Reino de Deus, as Testemunhas de Jeová e o movimento conhecido como Nova Era, que intenta ser o expoente máximo da espiritualidade neste século.   



JOSÉ MARIA ALVES

(BLOGUE PESSOAL)

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