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http://www.homeoesp.org/livros_online.htmlEste blogue não é propriamente idêntico na sua forma como os que até ao momento editei.
Dada a importância das matérias versadas para um público não específico, farei os possíveis para que seja claro e sintético. É certo de que sempre se correrá o risco de pecar por insuficiência, mas antes assim, do que plasmar nestas páginas um arrazoado extenso e imperceptível ao comum dos mortais.
Por outro lado, consciente de que a maior parte dos leitores comungam dos ideais da Igreja Católica, optei por deixar expressa a opinião da sua Teologia Dogmática e da Tradição quanto às matérias versadas, o que pode originar alguma confusão quanto ao conteúdo global e adesão pessoal à sua doutrina.
Como já escrevi, julgo que o Cristianismo nasceu de um erro, ainda que desculpável,
mas tal facto não afastou de mim, das minhas mais profundas raízes, um jesuísmo expresso nos Evangelhos e Actos. Com isto, não se diga, que estarei a dar o meu assentimento à doutrina da Igreja, nomeadamente quanto ao pecado original, à divindade de Jesus, à existência de anjos decaídos ou à existência do inferno.
Declarar a doutrina da Igreja, apenas tem em vista informar os muitos fiéis que associam os seus credos a práticas incompatíveis com os seus pilares fundamentais, caindo em pecado mortal, problema que é apenas deles e não meu.
O primeiro mandamento, “Não terás outros deuses além de Mim”, proíbe que outros deuses sejam honrados, bem como a superstição e a irreligião. A superstição que se constitui como uma espécie de excesso perverso da religião (Cat 2110).
A título exemplificativo, diga-se que a Astrologia foi coibida como uma qualquer outra superstição, quer pela Igreja Católica quer pelo racionalismo científico, regressando em plena força no século XX.
A que se terá devido tal ressurgimento, não só da Astrologia como de muitas outras superstições, ressurgência que contrariou a doutrina Judaica e da Igreja Católica? No nosso entender a uma patente anemia da fé e a uma anorexia da razão. A falta de fé e a ignorância conduzem fatalmente o homem pela vereda do obscurantismo.
“Quando tiverdes entrado na terra que o Senhor, teu Deus, está para te dar, não te acostumarás a imitar os abomináveis costumes desses povos. Não se achará em ti quem faça passar seu filho ou sua filha pelo fogo, nem quem pratique a adivinhação, o sortilégio, o agouro, a magia, nem encantador, nem quem consulte espíritos ou adivinhos, nem evocador de mortos. Porque todo o homem que fizer tais coisas constitui uma abominação para o Senhor, e justamente por causa desses abomináveis costumes o Senhor, teu Deus, está para os desalojar diante de ti” (Deut 18, 10-12). E “o homem ou mulher que se entregar à evocação dos espíritos ou adivinhações, será condenado à morte; serão apedrejados. O seu sangue cairá sobre eles” (Lev 20, 27) – ambos os textos do Antigo Testamento.
Tentarei convencer-vos da aberração das artes divinatórias, e que a maior parte dos rituais praticados por “bruxas”, curandeiros, magos, bentos e bentas, médiuns e outros que tais, são inócuos desde que não exista “envenenamento”. E que este “envenenamento” se está a transformar num mal endémico, a exigir uma intervenção urgente do Estado.
Se o mau-olhado ou o mal de inveja nos atingisse, então, todos nós estaríamos seriamente doentes ou mortos. Se os rituais de morte tivessem eficácia, teriam sido necessários tantos milhões de dólares e homens no terreno para que os EUA capturassem e assassinassem Bin Laden? E Bush onde estaria neste momento? E tantos outros indesejáveis, como terroristas procurados por actos hediondos?
Deixemos esta análise para momento posterior, tendo sempre em vista que o problema fulcral desta temática se irá concentrar nos “envenenamentos”, consequência directa da magia negra.
São muitos mais os que procuram a “bruxa” para fazer mal aos outros, do que podemos pensar.
Muitos movimentos espiritualistas e seitas religiosas têm vindo a anunciar um novo século de prosperidade e crescimento espiritual. Podemos mencionar a New Age que terá o seu início quando o Sol na Primavera deixando de se encontrar na constelação dos Peixes, símbolo do cristianismo, entrar na do Aquário. A Nova Era apresenta-se-nos como uma nova religião, um sincretismo esotérico, na esperança de um mundo novo, jorrando espiritualidade e repleto de harmonia e luz.
No entanto, os factos e as previsões racionais ou intuitivas desmentem-no.
Um anjo clamou com voz poderosa:
“Caiu, caiu Babilónia, a Grande! Tornou-se moradia de demónios, abrigo de todo o tipo de espíritos impuros” (Ap 18, 2).
O Homem é hoje um ser fragmentado, ignorante, supersticioso, sem autoconhecimento, que busca fórmulas fáceis e caminhos tenebrosos para aceder ao conhecimento dos mistérios da vida e da morte, na espúria tentativa de dominar o futuro, atingindo a felicidade de modo instantâneo, como num passe de mágica.
Mas o caminho da mística é sinuoso e dificultoso, não se compadecendo com intenções de facilitismo e frases feitas nos livros da moda e nas palestras de gurus libertadores. Veja-se
Desde sempre, que o povo foi supersticioso e ignorante. Mas não é apenas o povo que é visado nestes escritos. Outros, que dele se demarcam, recorrem com assiduidade à ”bruxa”, aos videntes, aos adivinhadores e curandeiros, ajoelhando-se aos pés de práticas muitas vezes nefastas e quase sempre contraditórias. Olvidemos por agora, os impressionantes lucros adquiridos por via destas práticas, e a forma como o são, em regra, de modo imoral e ilegal.
No que toca às artes divinatórias, podereis consultar Artes Divinatórias, Prática e Crítica em
Estas artes nasceram com o homem, com os seus medos e anseios. Com elas nasceram também a bruxaria, a feitiçaria e a magia.
Como já escrevemos, em tudo está presente o medo. A nossa existência é enformada por múltiplos medos. Medo das doenças, da dor, da pobreza, de perder os entes queridos, de não ter prestígio, de não encontrar um sentido para a vida, medo de estar só, medo das multidões, de exames, de entrevistas, de não agradar, da guerra, de ter um acidente, de morrer e o medo do próprio medo.
Temos medo de perder o que temos e deixar de ser quem somos. Em bom rigor, não tememos o desconhecido, mas a perda do conhecido. Os nossos medos reconduzem-se ao medo final da morte.
Ora, a aprendizagem acerca do medo é obtida através da auto-observação. Em regra, descobrir a causalidade não nos livra dele. Sabemos que reagimos de uma determinada forma a um certo objecto ou situação, mas a revelação do incidente traumático não resolve o problema; pode minimizá-lo por intermédio da racionalização, mas não o extingue. Só a sua observação sem recurso ao pensamento o pode fazer cessar. Temos de o escutar em todas as suas peculiaridades sem o comparar ou interpretar, alheios ao fenómeno do tempo, porquanto desabrocha no espaço que medeia entre o viver e o morrer e só tem existência nessa continuidade que é pensamento. Onde não há pensamento, não há padecimento, não há medo, não há morte, antes um viver ágil e intenso que não tem móbil ou justificação.
Para a Igreja Católica, sendo Jesus Caminho, Verdade e Vida, não há que ter medo dos homens. Devemos tão-somente temer Deus e nada mais, sendo condenável como veremos infra no seu Catecismo, o recurso aos “bruxos”, feiticeiros, videntes, astrólogos, espíritas, curandeiros, magos e seitas, em suma, ao ocultismo.
No entanto, assistimos a um crescendo de medos e mitos, mundo subterrâneo onde “bruxos” e videntes, curandeiros e magos, se movem com uma destreza perturbadora, aproveitando-se da fragilidade humana, perante os pavores e infortúnios do presente e do porvir.
Os homens dizem-se católicos para se comportarem como idólatras, e nos momentos de aflição recorrerem a tudo o que têm à sua disposição, como se os fins possam justificar todos os meios. Mas ninguém consegue viver em paz com Deus e o diabo, agradando a ambos. Nesta perspectiva, os cristãos ou escolhem a protecção de Deus e de Seu Filho Jesus, consubstancial ao Pai, ou as práticas supersticiosas.
Não é raro, neste país, bem pelo contrário, que católicos confessos comecem nas tribulações por recorrer ao médico de família, para logo partirem para a “bruxa”, para o curandeiro, vidente ou mago, esquecendo o médico especialista, o psicólogo, o padre, e o seu próprio Deus.
Quando doentes, bastas vezes consultam a curandeira, mais por culpa dos médicos actuais do que por culpa sua. O médico não os ouve, não presta a atenção devida às suas queixas e desvaloriza-as; tempo é dinheiro. Para a curandeira ou benta, também. Mas conhecendo a fraqueza de comunicação dos clínicos e as necessidades do paciente, suplanta-os ouvindo atenciosamente os males que lhe vão sendo narrados e sabe sempre encontrar uma resposta adequada ao carácter e personalidade do cliente. Nesta concorrência, cada vez ouvimos mais que há doenças que são do médico e outras que o não são, sendo as últimas que vemos aumentar em progressão quase geométrica.
As seitas ocidentais inspiram-se fundamentalmente no cristianismo, julgando nós, que as não podemos qualificar de verdadeiras religiões, antes subprodutos das mesmas. O ateísmo não é a atitude corrente do século, mas um panteísmo desordenado, nebuloso e alicerçado em fenómenos inspirados pela superstição e pelas muitas religiões orientais. Transformam-se em instituições de perigo, quando os seus fins se dirigem ainda que por meios ocultos, para a obtenção de lucros por intermédio de práticas ilegais.
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Uma nota breve antes de passarmos ao verdadeiro objecto deste trabalho. Referimo-nos bastas vezes à bruxaria, ao bruxo e à bruxa – a maioria das vezes no feminino, tal como o povo o faz e não porque sejam só as mulheres que praticam a feitiçaria, magia e curandeirismo, não obstante sejam maioritárias nestas actividades –, mas num contexto popular e não no dos Wiccans, membros de uma espécie de religião não organizada, estruturada em síntese num único mandamento: Desde que não prejudiques ninguém (nem a ti mesmo), faz o que a tua consciência e vontade te ditar.
A magia popular e a Wicca formam no seu conjunto a bruxaria. A Wicca adora um Deus e uma Deusa, podendo ser praticada em grupo, normalmente restrito, ou individualmente.
Os verdadeiros Wiccans não praticam nunca a magia negra, nem prosseguem com a sua religião fins lucrativos, como se depreende inequivocamente do seu mandamento supra expresso.
Cunníngham, considerando a perseguição de que são alvo os magos populares e os wiccans, diz-nos que “não querem ser temidos nem convertidos; só querem que os deixem em paz”.
Face aos elementos de que dispomos, teremos de satisfazer e respeitar tal pedido.
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Os “bruxos”, nesta acepção, não são visados pelo que aqui expendemos.
Eles não podem ser responsabilizados pelos males causados por “bruxos” sem escrúpulos, aos seus irmãos supersticiosos, fragilizados, crédulos, ignorantes ou até malévolos - quando se servem da benta, curandeira ou maga para atingir outrem na sua integridade física ou espiritual -, normalmente aproveitando-se de débil vontade e elevado sofrimento, para obter de forma ilícita, e usando em muitos casos de métodos delituosos, proveitosos rendimentos.
Estes curandeiros do bem e do mal fazem todos os tipos de “trabalhos”, muitas vezes com recursos a truques mais ou menos sofisticados: tiram o mau-olhado, o mal de inveja, tiram e lançam feitiços, amarrações, encostos, enguiços, quebranto, morada aberta, comunicam com os mortos, fazem exorcismos e anulam infestações e outros males maléficos. Trabalhos que, segundo a conveniência e a bolsa do cliente, podem ser feitos à distância ou presencialmente.
Quanto aos exorcismos veja-se
É interessante realçar, que as “bruxas” no nosso país, não gostam de ser assim chamadas, preferindo “mulher de virtude”, “vidente”, “médium”. Nalguns locais o povo denomina-as de “benta”.
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Nos próximos artigos iremos abordar a adivinhação e a magia, tendo sempre em vista, o problema principal que nos move, ou seja, o "envenenamento" derivado de feitiço realizado por intermédio de dissimulação na comida ou bebida.
JOSÉ MARIA ALVES
(BLOGUE PESSOAL)
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